Mas só há surpresa no mundo dos adultos, pois, longe de modinhas como a “Baleia Azul” (jogo suicida), os adolescentes logo contam que enxergam na ferida viva dos cortes uma dor mais fácil de lidar.
Conversando com especialistas da área, e com algumas diretoras de escolas da rede municipal de Bom Jesus da Lapa, temos um panorama da situação da automutilação que cada vez mais atinge os nossos jovens, entre os 12 e 17 anos.
E conversando com uma estudante, a narrativa mostra a verdadeira situação, dentro de muitas escolas e lares de Bom Jesus da Lapa, precisando de uma atenção especial. “Falar sobre isso é tão difícil, porque parece que a gente está querendo se aparecer ou se amostrar, é melhor a gente ficar calada, para não chamar a atenção. Tentei falar duas vezes com minha mãe, e todas as vezes ela disse que era besteira minha, que eu precisava pensar em algo que prestasse. Passei a me sentir muito sozinha, porque também estava sem entender umas coisas que estava passando, pessoais. Nesses últimos meses as coisas estão melhores, algumas coisas mudaram lá em casa, e na escola eu converso com alguma amiga”, disse.
Dores da adolescência – As dores da adolescência não passam despercebidas no ambiente escolar. Sobre esse assunto, o site Notícias da Lapa conversou com a Escola Agenor Magalhães, que é a maior instituição de Ensino da Rede Municipal de Bom Jesus da Lapa, com 870 alunos, e tem vivido também esse tipo de situação. Os professores, diretores e coordenadores pedagógicos tem buscado com a ajuda de psicólogos CRAS, realizar palestras e projetos dentro da escola, e aproximando mais da realidade dos estudantes.
Ainda de acordo a professora Anádia, um olhar atento em sala de aula pode ser o primeiro passo para perceber certos comportamentos nos estudantes, e é a melhor forma de ajudar.
Sobre o tema, nossa equipe conversou com um dos representantes do Projeto Metamorfose, criado em Bom Jesus da Lapa, para ajudar os jovens do município que precisam de apoio, formado pela psicóloga Geisa Magalhães, a Assistente Social, Naiara Nascimento, a Defensora pública, Cláudia Conrado, a Pedagoga, Grace Kelly e o terapeuta Padre Marcos.
Muito triste – Segundo o Padre Marcos, que tem acompanhado algumas escolas e adolescentes na Paróquia São João Batista, no Bairro São João, existe um índice grande de automutilação em Bom Jesus da Lapa. “A questão é que a automutilação é algo muito silencioso, e até chegar onde os pais, os professores, e alguém que estar próximo, detecta que o adolescente ou o jovem tá com essa prática leva muito tempo”, disse.
Então o jovem, ele busca esconder que está fazendo isso, porque no momento da dor ele comete o ato e depois vem o arrependimento. Então, ele busca esconder […] diante de um sofrimento psíquico. A gente costume dizer que a dor psíquica, ela é tão grande que ela precisa ser extravasada . E o adolescente acaba buscada através da automutilação, dos cortes na pele, para extravasar essa dor”, frisou o religioso.
Sobre o projeto Metamorfose, Padre Marcos afirmou que o grupo de trabalho já realizou o primeiro encontro, contando com a participação de 40 adolescentes, onde os participantes tiveram a oportunidade de falar sobre suas dores psíquicas. “Porque se existe uma dor interna, que ela é silenciada, e que gera uma angustia, e o adolescente precisa de um espaço para que ele possa falar”, destacou.
O suicídio é um problema sério de saúde pública no mundo inteiro e que merece a devida atenção de todos, e no município de Bom Jesus da Lapa não é diferente.
Do site Notícias da Lapa