No início de setembro, o corpo do paciente estava tomado por tumores,
mas, nesta semana, a maioria deles já havia desaparecido. E os que
restam, segundo os médicos, sinalizam a evolução da terapia.
Os médicos e pesquisadores do Centro de Terapia Celular
(CTC-Fapesp-USP) do Hemocentro, ligado ao Hospital das Clínicas de
Ribeirão Preto, dizem que Vamberto está "virtualmente" livre da doença.
Os especialistas, no entanto, não falam em cura ainda porque o
diagnóstico final só pode ser dado após cinco anos de acompanhamento.
Tecnicamente, os exames indicam a "remissão do câncer".
Antes do tratamento, ele tomava doses máximas de morfina diariamente e
não conseguia mais andar. O tumor havia se espalhado pelos ossos.
Vamberto tinha tentado quimioterapia e radioterapia, mas seu corpo não
respondeu bem a nenhuma das técnicas. Após uma semana com a terapia
genética, ele já havia voltado a andar e deixado de sentir fortes dores.
"Cheguei a ter medo de morrer, mas em nenhum momento esse medo foi maior do que a minha vontade de viver", disse Vamberto Castro ao Fantástico.
Os pesquisadores da USP – apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Pesquisa
(CNPq) – desenvolveram um procedimento próprio de aplicação da técnica
CART-Cell.
Terapia genética
A CART-Cell é uma forma de terapia genética já utilizada nos Estados Unidos, Europa, China e Japão. Esse método consiste na manipulação de células do sistema imunológico para que elas possam combater as células causadoras do câncer.
A estratégia consiste em habilitar células de defesa do corpo
(linfócitos T) com receptores capazes de reconhecer o tumor. O ataque é
contínuo e específico e, na maioria das vezes, basta uma única dose.
No EUA, os tratamentos comerciais já receberam aprovação e podem custar mais de US$ 475 mil.