Uma bactéria de origem desconhecida está “comendo vivos” dezenas de
detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), em Roraima,
no Norte do país. O caso foi denunciado pela Comissão de Direitos
Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Roraima (OAB-RR), nesta
segunda-feira (20), ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Ministério
Público Federal (MPF) e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos
(CIDH). As informações são do Correio Braziliense.
O presidente da comissão, Hélio Abozaglo, visitou o Hospital Geral de
Roraima (HGR) e contou que a situação é grave e precisa de medidas
urgentes. “Alguns não conseguem andar, outros estão com bactérias nos
pés que estão corroendo a pele. Apesar de estarem medicados, notamos que
o caso é muito sério”, destacou à publicação.
Ao todo, 24 presos estão internados com os sintomas, alguns
apresentam paralisia nas pernas e a pele em decomposição. Segundo os
relatos, os detentos ficaram doentes no início do mês, após consumirem a
água do presídio.
Segundo a Secretaria de Justiça e Cidadania de Roraima (Sejuc), os
detentos contaminados foram isolados e um protocolo foi aberto junto com
a Secretaria de Saúde do estado para atender ao caso. Além dos presos
infectados com a bactéria, quatro estão com tuberculose, informa o
Correio Braziliense.
De acordo com o presidente da OAB-RR, Ednaldo Vidal, a chance de a
doença contaminar outros presos, agentes penitenciários e funcionários
da cadeia é grande. “O presídio não é muito diferente de um campo de
concentração, é um local com zero higiene. Por isso vamos pedir a
interdição imediata. A situação é de descontrole total, um caldeirão de
desumanidade”, denuncia.
Palco do massacre de mais de 30 pessoas em janeiro de 2017, o PAMC
tem capacidade para 500 detentos, mas está superlotado com quase 1.300.
Atualmente, o presídio está sob atuação da Força-tarefa de Intervenção
Penitenciária, decretada desde o final de 2018.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos informou que já tem
conhecimento da situação e disse que acompanha o caso. “Vamos acompanhar
e fazer o possível para que as autoridades olhem com mais atenção (para
os presos). Se o HGR não tem condições de detectar que tipo de
enfermidade está atacando essas pessoas, que o material seja enviado
para fora para fazer os exames e possa se tomar as providências
corretas”, informou o organismo no Twitter.
Correios