Sem praia, sem mesa de bar, mas com a copo e a taça na mão. O isolamento domiciliar imposto para frear o novo coronavírus no Rio de Janeiro tem mudado os hábitos dos mais boêmios e levou ao aumento das vendas de bebidas alcoólicas nos supermercados, segundo redes ouvidas pelo G1.
Na rede de supermercados Guanabara, nas últimas duas semanas de março, houve aumento de 20% na venda das bebidas alcoólicas nas 26 lojas do estado.
No Superprix na capital, as vendas durante a quarentena superaram a do carnaval, período de pico anual, nas 16 lojas na cidade. Na comparação com março de 2019, quando caiu o carnaval do último ano, 2020 apresentou uma alta de 27%.
Aumento do consumo em dias de semana
Hábito de fim de semana tem sido mais comum durante quarentena — Foto: Arquivo pessoal Hábito de fim de semana tem sido mais comum durante quarentena — Foto: Arquivo pessoal
Hábito de fim de semana tem sido mais comum durante quarentena — Foto: Arquivo pessoal
Para muita gente, a bebida de fim de semana, aos poucos, foi se estendendo para os dias úteis.
"Estou bebendo todo dia. Eu moro com um amigo e tinham bebidas em casa que a gente não bebia, por falta de tempo de estarmos juntos em casa. Na primeira semana da quarentena, acabamos com as garrafas que estavam abertas e com todas as cervejas que havíamos comprado antes da quarentena começar", relata a arte-educadora Elisa Brasil.
Para Elisa, o aumento do consumo será passageiro e não a preocupa.
"Na verdade, a gente não bebe tanto assim. Moramos juntos há dois anos e meio e agora temos muito pouca coisa para fazer e álcool em casa que nunca consumimos, então é meio que o momento."
'Festas online'
Já a publicitária N.M., de 29 anos, que prefere não se identificar, acredita que as mudanças em seu comportamento em relação à frequência com a qual consome álcool se tornou, sim, um problema.
"Eu moro sozinha e comecei a beber em casa e bebendo além do que estava acostumada. Antes, eu não tinha o costume de beber, nem mesmo tinha bebida em casa. Minha única interação social estava sendo beber com meus amigos no vídeo. Achei que começou a ser prejudicial", conta ela, que ficou em isolamento após ter tido uma colega de trabalho identificada com a Covid-19.
"Estava em casa sozinha, entediada, pensava em tomar uma cerveja e quando via tinha bebido 8 long necks em um dia de semana. E não fui só eu, vi que todos os meus amigos estavam fazendo isso, mesmo os que não tinham o hábito, em festas online", diz ela, que resolveu desacelerar.
A professora e farmacêutica J.C., de 34 anos, acredita que a bebida pode estar funcionando como um escapismo para o momento difícil que a sociedade enfrenta."Acho que há muitas preocupações quanto à pandemia em si, familiares em situação de risco, sou farmacêutica bioquímica e cientista e passo o dia lendo artigos que saem sobre a Covid-19, então as informações entram como um baque, o tempo todo. Moro sozinha e estou com interação humana zero. Acho que no fim do dia, beber tem sido um modo de aliviar a tensão da cabeça, mas acaba que não resolve, mas a sensação é que parece ser o único lazer que tenho", relata.
Hábito de fim de semana tem sido mais comum durante quarentena — Foto: Arquivo pessoal Hábito de fim de semana tem sido mais comum durante quarentena — Foto: Arquivo pessoal
Hábito de fim de semana tem sido mais comum durante quarentena — Foto: Arquivo pessoal
Para muita gente, a bebida de fim de semana, aos poucos, foi se estendendo para os dias úteis.
"Estou bebendo todo dia. Eu moro com um amigo e tinham bebidas em casa que a gente não bebia, por falta de tempo de estarmos juntos em casa. Na primeira semana da quarentena, acabamos com as garrafas que estavam abertas e com todas as cervejas que havíamos comprado antes da quarentena começar", relata a arte-educadora Elisa Brasil.
Para Elisa, o aumento do consumo será passageiro e não a preocupa.
"Na verdade, a gente não bebe tanto assim. Moramos juntos há dois anos e meio e agora temos muito pouca coisa para fazer e álcool em casa que nunca consumimos, então é meio que o momento."
'Festas online'
Já a publicitária N.M., de 29 anos, que prefere não se identificar, acredita que as mudanças em seu comportamento em relação à frequência com a qual consome álcool se tornou, sim, um problema.
"Eu moro sozinha e comecei a beber em casa e bebendo além do que estava acostumada. Antes, eu não tinha o costume de beber, nem mesmo tinha bebida em casa. Minha única interação social estava sendo beber com meus amigos no vídeo. Achei que começou a ser prejudicial", conta ela, que ficou em isolamento após ter tido uma colega de trabalho identificada com a Covid-19.
"Estava em casa sozinha, entediada, pensava em tomar uma cerveja e quando via tinha bebido 8 long necks em um dia de semana. E não fui só eu, vi que todos os meus amigos estavam fazendo isso, mesmo os que não tinham o hábito, em festas online", diz ela, que resolveu desacelerar.
A professora e farmacêutica J.C., de 34 anos, acredita que a bebida pode estar funcionando como um escapismo para o momento difícil que a sociedade enfrenta."Acho que há muitas preocupações quanto à pandemia em si, familiares em situação de risco, sou farmacêutica bioquímica e cientista e passo o dia lendo artigos que saem sobre a Covid-19, então as informações entram como um baque, o tempo todo. Moro sozinha e estou com interação humana zero. Acho que no fim do dia, beber tem sido um modo de aliviar a tensão da cabeça, mas acaba que não resolve, mas a sensação é que parece ser o único lazer que tenho", relata.
Mudança de hábito requer atenção especial
O psicólogo Yuri Busim, doutor em neurociência cognitiva, afirma que o aumento do consumo de álcool não é necessariamente um problema, mas deve ser observado com muita atenção.
"Nesses tempos de quarentena, as pessoas estão perdidas, ninguém sabe o que fazer direito, ainda estamos entendendo, mas os cuidados com a vida não devem parar, e o ideal é manter os bons hábitos", diz o psicólogo.