Um tremor de 3,5 graus na Escala Richter foi registrado na costa da
Bahia, na manhã desta quarta-feira (29). Segundo o Laboratório
Sismológico (Labsis) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), o evento aconteceu por volta das 5h19.
Como o tremor aconteceu no mar e teve magnitude considerada baixa,
não houve relatos de que tenha sido sentido no continente – a cidade
mais próxima do raio do epicentro é Ilhéus, a 100 km leste do município.
No caso da capital baiana, a distância para o centro do tremor é de 200
km a sudeste.
“Apesar de a magnitude não ser pequena, o epicentro está a
aproximadamente 100 km do continente. A essa distância, é possível, mas é
muito difícil que ele seja sentido no continente“, afirmou o professor
Eduardo Menezes, geofísico e sismólogo do Labsis.

Embora o fenômeno tenha ocorrido na região costeira, Menezes
tranquilizou a população sobre um possível risco de tsunami. “Tremores
com essa ordem de grandeza não causam tsunamis, aquelas ondas altas. Não
há energia suficiente para isso. O risco de tsunami é com magnitudes
mais altas, geralmente a partir de 7.0”, detalhou, em entrevista ao
Bahia Notícias.
O professor ainda atribuiu o tremor a uma possível falha geológica na
região. De acordo com ele, os últimos registros de abalos no sul da
Bahia aconteceram no continente, nas cidades de Itapé, Ibicaraí e
Floresta Azul, com magnitude pequena. No estado, eventos desta natureza
são mais comuns no Recôncavo Baiano. O último deles com magnitude maior
aconteceu em novembro do ano passado, em Amargosa, com 3.5 graus na
escala Richter.
Ainda segundo Menezes, a região Nordeste do país tem atividade
sismológica considerável. “São áreas geologicamente ativas. Há falhas
geológicas ainda em acomodação. Entre Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e
Pernambuco, a gente tem frequência de tremores”, disse.
A efeito de curiosidade, os tremores campeões de magnitude
registrados na região aconteceram na década de 80. O maior deles ocorreu
em 1980, na cidade de Pacajus (CE), com 5,3 graus. Os outros dois foram
em João Câmara (RN), com 5,1 (1986) e 5,0 graus (1989).
Só na Bahia, a UFRN tem 15 estações para monitoramento de atividade
sismográfica, algumas delas em parceria com a Rede Sismográfica
Brasileira (RSBR). Em todo o país, são quase 100 equipamentos do tipo.
As estações são operadas pelo Centro de Sismologia da Universidade de
São Paulo (USP), Observatório Sismológico da Universidade de Brasília
(Obsis/UnB), Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (LabSis/UFRN) e Observatório Nacional (ON).
Voz da Bahia