Indicados para compor a CPI da Pandemia discutem incluir no plano de trabalho da comissão frentes de investigação que incluem as omissões do governo federal na recomendação do distanciamento social, a produção e distribuição de hidroxicloroquina e cloroquina durante a pandemia, e a demora na compra de vacinas. 

Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que deve assumir a vice-presidência da CPI, é provável que se definam sub-relatorias diante do grande volume de trabalho.

Todos os ministros que comandaram a Saúde no governo Jair Bolsonaro e o atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga, serão chamados a falar, segundo o senador Otto Alencar (PSD-BA). Também devem ser ouvidos os principais fabricantes de vacina, em especial a Pfizer, cuja negociação com o governo federal ficou travada por meses, diz Randolfe.

Os integrantes da CPI, cuja instalação deve ocorrer na próxima semana, ainda são cautelosos sobre quais serão os investigados da comissão. Mas há expectativa que Eduardo Pazuello figure entre os alvos. 

Ele está na mira do Tribunal de Contas da União, onde ministros apoiam a apuração de responsabilidades do general e defendem que ele receba multa por erros cometidos na gestão da pandemia. Um dos primeiros atos da CPI será justamente requerer documentos ao TCU e ao Ministério Público Federal.

Os senadores têm reforçado sua posição de isenção e que não chegam na CPI com conclusões tomadas. Mas a pressão sobre o governo federal será intensa.

Randolfe Rodrigues diz que é “explícita” a influência do presidente Jair Bolsonaro em decisões erradas tomadas pelo Ministério da Saúde no enfrentamento da pandemia.

Ele defende fazer uma cronologia dos posicionamentos do presidente e relacionar com o avanço da crise. “Qual a consequência do presidente dizer à população que é só uma gripezinha, que não vai comprar a ´vachina´ do Doria, que quem tomar vacina vai virar jacaré, a demora em fechar a compra da Pfizer?”, diz o senador.

Otto Alencar diz que a ideia é fazer uma CPI também propositiva, que pressione o governo a corrigir rumos. Ele faz um diagnóstico ácido da gestão do Ministério da Saúde até agora.

“O governo passou um ano com um ministro à frente da Saúde com procedimentos totalmente equivocados, que realmente não deram certo, tanto que houve expansão da doença, veio a segunda onda, com falta de oxigênio, falta de insumos do kit intubação, o drama no Amazonas”, diz o senador. 

Alencar, que é médico e foi secretário de saúde na Bahia, diz que o país ouviu “muito besteirol” de integrantes do governo federal durante a pandemia.

“Besteiras faladas por pessoas que não tem formação médica, a começar pelo presidente Jair Bolsonaro. Tudo o que ele falou foi errado: gripezinha, cloroquina, anita. Se nem a ciência entende direito ainda a doença, será ele a entender?”. 

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) tem feito críticas públicas à gestão do governo Jair Bolsonaro. Em entrevista publicada neste sábado pelo jornal Folha de S.Paulo, disse que “não há dúvida nenhuma que um dos principais culpados pela situação a que nós chegamos é o governo federal”. (CNN)

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