Uma estudante de Ilhéus foi vítima de injúria racial numa unidade de saúde do município do sul da Bahia. Thaís Carvalho, de 30 anos, que é estudante de enfermagem e voluntária, denuncia que, por ser negra,
um homem não aceitou ser vacinado por ela contra o novo coronavírus, na segunda-feira (17).Voluntária
na campanha de vacinação contra a Covid-19 em Ilhéus, Thaís Carvalho
atua no Centro de Referência e Assistência Social Norte (Cras), no
bairro Jardim Savóia. ” Entendo que a população precisa ser vacinada,
sim, eu decidi doar um tempo para a imunização”, explica.
A
voluntária relata que ontem foi surpreendida depois que uma mulher
pediu que uma das vacinadoras fosse até o carro dela para aplicar a dose
de imunizante em um homem, que seria o pai dela. Thaís Carvalho
dirigiu-se até o veículo e perguntou se o homem queria que ela o
vacinasse logo.
O
senhor teria respondido que não. ” Perguntei: o senhor já fez a ficha?
Ele respondeu: minha filha está fazendo, mas você, não (vai me vacinar).
Foi aí que questionei: por que não eu? O homem respondeu: porque você é
negra. Na hora, eu não tive reação”, relatou a vacinadora voluntária.
Thaís
Carvalho explica que imaginou que estiaria preparada para situação
parecida. “Eu sempre pensei se isso acontecer comigo, eu agirei de tal
maneira. Mas não consegui, senti-me completamente impotente. Fui fazer
outra vacinação e quando voltei, o homem já tinha deixado o local”,
contou.
QUEIXA NA DELEGACIA
A
voluntária informou que não desistiu de buscar punição para o agressor.
Ela vai prestar queixa contra o homem e espera que ele seja
identificado.
O
secretário de Saúde de Ilhéus, Geraldo Magela, condenou a atitude do
criminoso. “Mesmo em um país miscigenado, a gente ainda observa
comportamentos como esses, que deveriam ser abolidos da sociedade.
Devemos apoiar totalmente essa funcionária e agradecê-la por estar como
voluntária no processo de vacinação”, disse o secretário de saúde”.
De
acordo com o Código Penal, a injúria consiste na conduta de ofender a
dignidade de alguém, com elementos referentes à sua raça, cor, etnia,
religião, idade ou deficiência. Em caso de condenação, o acusado pode
pegar até três anos de prisão. //TV Santa Cruz.