
Um
homem suspeito de matar o médico Júlio César de Queiroz Teixeira, 44
anos, dentro da clínica onde ele trabalhava, e o comparsa que o levou ao
local, foram presos na tarde desta segunda-feira (27), na cidade de
Barra, no oeste da Bahia.
A informação foi divulgada pelo delegado
titular do município, Jenivaldo Rodrigues, responsável pelas
investigações do crime.
Segundo informações do delegado, a primeira prisão aconteceu por volta
das 15h desta segunda. O comparsa que levou o atirador ao local em uma
moto e auxiliou na fuga no mesmo veículo foi encontrado logo depois.
No
sábado (25), a Polícia Civil afirmou que apura se o pediatra foi
assassinado após alertar uma família sobre uma criança atendida por ele,
que apresentou sinais de abuso sexual. O caso teria ocorrido no ano de
2016, no município de Buritirama, que fica na mesma região.
O
delegado Jenivaldo Rodrigues disse que foi informado sobre a situação
pelos parentes do pediatra. O irmão dele, Lula Teixeira, também falou
sobe o caso com a reportagem do g1, na sexta-feira (24). A partir disso,
a polícia vai investigar se a morte foi causada por vingança.
Conforme
Lula Teixeira, a cunhada dele trabalha como enfermeira e atuava em
parceria com o marido durante os atendimentos. Ela presenciou o crime,
que ocorreu no momento em que Júlio César fazia o segundo atendimento do
dia.
Além
da mulher, dois funcionários e uma criança, que estava acompanhada por
responsável, presenciaram o assassinato. A polícia não detalhou se essas
testemunhas já prestaram depoimento.
Investigações
O
médico pediatra foi morto dentro do consultório que ele prestava
atendimento, em uma clínica particular da cidade de Barra, oeste da
Bahia. O crime aconteceu na manhã de quinta-feira (23).
Segundo
a polícia, o pediatra foi atingido por quatro tiros, um deles na
cabeça. Ele chegou a ser socorrido por outros funcionários da clínica e
foi levado para um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos.
Dois
homens são suspeitos de participação no crime. Um é o atirador, que
invadiu o local, e o outro é o motociclista que levou o atirador ao
local em uma moto e prestou fuga no mesmo veículo.
Quem era a vítima
Apesar
da suspeita de que o crime tenha sido cometido por vingança, o irmão do
médico contou ao g1 que não entende o motivo, já que ele era conhecido
pela boa relação com todos. "Os colegas estão todos sem acreditar".
"Era
um cara que vivia para trabalhar, muito correto, direito. Não se
envolvia com malandragens, não era um homem de exageros. Um cara sempre
responsável", afirmou Lula Teixeira.
O
pediatra atendia em pelo menos cinco cidades da região, além do
Hospital Roberto Santos, na capital baiana. "Ele sempre foi um cara
longe de desavenças, de confusões, sempre foi unanimidade na cidade,
sempre foi um cara solícito, profissional, um cidadão que sempre se deu
bem com todos", disse o irmão da vítima.
Júlio
César tinha dois filhos, de 5 e 8 anos de idade. Ele era o mais novo de
três irmãos. Nasceu em Xique-Xique, no norte da Bahia, estudou em
Salvador e se formou em medicina na cidade de Maceió, em Alagoas.
Conhecido pela generosidade
Uma
amiga de infância de Júlio César, Carla Valéria, diz que o pediatra era
muito conhecido na região de Xique-Xique pela generosidade e cuidado
com os pacientes. Entre a família e amigos, ele era chamado
carinhosamente de "Bodinho".
Os
dois se conheceram no Colégio Osmar Guedes, onde estudaram quando
crianças. "Estudamos juntos no ensino fundamental e mantivemos esse
vínculo até hoje", se recordou.
"Nós
estudamos no fundamental juntos e ele se tornou o pediatra das minhas
duas sobrinhas. A gente tinha uma relação de amizade", disse a mulher,
que é coordenadora pedagógica de um instituto educacional de
Xique-xique.
"Quando
ele passou a cuidar das minhas sobrinhas, eu tive a oportunidade
conhecer ainda mais o homem que ele se tornou. Um pessoa admirável e que
não era só comigo, era com todos em Xique-xique".
"Foi
muito cruel, ele é raro, é uma das melhores pessoas que eu já conheci
na minha vida. Muito cruel", disse, emocionada.
Do G1 Bahia