
Um atraso de cerca de 10 minutos salvou a vida de Luciana Santana Nascimento, de 38 anos. Foi justamente esse atraso que impediu que ela embarcasse no ônibus da empresa Rota, que fazia a linha Itacaré-Eunápolis, e foi atingido na noite de quarta-feira (29) por um vagão de uma carreta bitrem carregada com toras de eucalipto.
O acidente, que envolveu também uma van, aconteceu por volta das 20h
na BR-101, próximo à ponte do rio Santa Cruz, no distrito de Mundo Novo,
em Eunápolis. Doze pessoas morreram, sendo 11 que estavam no ônibus e o
motorista da van. Outras 22 ficaram feridas.
Luciana
pretendia embarcar em Itabuna no ônibus que a levaria para Eunápolis,
onde mora. Professora do 4º ano do Colégio Anísio Teixeira, ela estava
desde segunda-feira em Itabuna para uma consulta médica, e contava
retornar a Eunápolis ainda na quarta-feira para estar no trabalho na
manhã de quinta (30). No entanto, imprevistos acabaram fazendo com que
ela não conseguisse chegar a tempo de embarcar.

Luciana
decidiu, então, que viajaria no ônibus das 23h. Ela retornou para a
casa dos pais, que moram em Itabuna, e enquanto esperava o horário da
viagem ficou sabendo do acidente através de um grupo de WhatsApp. A
professora conta que ficou em choque ao saber da tragédia, tanto que não
conseguiu embarcar às 23h. “Não consegui dormir desde ontem. Minhas
pernas estão tremendo até agora e não paro de chorar. Minha ficha não
caiu. Não consigo parar de pensar um minuto em tudo isso que aconteceu,
lamentando pela vida das pessoas, que foram muitas. Também fico
imaginando que eu estaria lá e Deus me deu essa oportunidade. É
maravilhoso”, afirma.
A professora, que retornou nesta quinta-feira para Eunápolis, frisa
que sempre foi muito ligada a Deus, e que o sentimento é de imensa
gratidão por Ele não ter permitido que embarcasse naquele ônibus.
Assim
que ficaram sabendo do acidente, o marido e os dois filhos gêmeos, de
17 anos, que estavam em Eunápolis e sabiam que Luciana não havia
embarcado no ônibus das 18h, ligaram para ela. A professora também
recebeu ligações de colegas de trabalho, preocupadas porque imaginavam
que ela estaria no ônibus envolvido na colisão.
HÁBITO
DE VIAJAR DE CARRO – Luciana salienta que não tem o hábito de viajar de
ônibus quando vai a Itabuna visitar a família, pois o marido sempre a
leva de carro. Desta vez, porém, ele tinha compromisso no trabalho e não
pode acompanhá-la. Ela também não costuma se atrasar nem perder
compromisso, e diz que ficou chateada por não conseguir embarcar no
horário programado, às 18h, porque não queria perder mais um dia de
trabalho.
Depois
do que aconteceu, garante que passará a encarar a vida de outra
maneira. “A gente reclama de tanta coisa e não sabe o que Deus programa
para a gente”, observa. “A palavra a partir de hoje é gratidão, e vou
buscar ter um olhar diferente para o outro, porque a gente pode não
estar aqui amanhã”, acrescenta. fonte:Radar64