As seis universidades e dois institutos federais da Bahia tiveram quase R$ 61 milhões bloqueados do orçamento pelo governo federal. Grande parte do recurso seria usada na manutenção das estruturas, auxílio aos estudantes e pagamentos de serviços como água, luz e limpeza.
Com o bloqueio, representantes de algumas instituições dizem que não conseguem manter as aulas até o final do ano.
O bloqueio das verbas foi de 14,5% para todas as instituições federais. O anúncio foi feito na semana passada e entrou em vigor na sexta-feira (27).
Na Universidade Federal da Bahia (Ufba), o bloqueio de recursos é de aproximadamente R$ 26 milhões. O valor corresponde a quatro meses de gastos com pagamento de contratos continuados, como segurança, limpeza, transporte e assistência estudantil. São verbas usadas para as despesas da universidade.
"É realmente desastroso, exatamente no momento em que precisamos retomar as atividades presenciais. A universidade se prepara, no próximo semestre, para retomar plenamente as atividades presenciais, aí precisamos de mais recursos", afirmou o reitor João Carlos Salles.
"No momento que precisamos de mais recursos, esses recursos são suspensos", concluiu.
Para a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (URFB), o impacto no orçamento é de quase R$ 7 milhões. O reitor Fábio Josué diz que se o bloqueio de verbas não for revertido, não tem como manter o funcionamento da universidade até o final do ano.
"No ritmo que estamos hoje, até o final de setembro ou início de outubro. Não temos mais como fazer ajustes, não temos mais o que cortar, tendo em vista que esse é mais um bloqueio, mais uma violência que se soma as outras que já foram desferidas em outros momentos", afirmou.
Já as universidade federais do oeste e do sul da Bahia tiveram quase R$ 4 milhões bloqueados. Por nota, a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) informou que o bloqueio deve paralisar processos de licitação em andamento e impactar os serviços de empresas já contratadas.
A universidade ainda avalia os impactos na limpeza, energia elétrica, água e telefonia, mas já afirma que todos os níveis da instituição serão afetados.
O Instituto Federal da Bahia (IFBA) informou que o bloqueio é de mais de R$ 12 milhões. A instituição divulgou uma nota de repúdio e disse que caso o bloqueio não seja revertido e se transforme em corte efetivo, o pleno funcionamento das aulas estará ameaçado a partir de outubro desse ano.
Para os alunos que estudam nas instituições, o clima é de insegurança. Depois de mais de dois anos sem aulas presenciais, o estudante da Ufba, Armando Azevedo, teme que o bloqueio de verbas inviabilize a permanência dele e dos colegas na universidade.
"Esse corte é feito na assistência estudantil, que é uma coisa que hoje é muito importante dentro da universidade. Justamente para que a gente consiga se manter dentro dela, seja através do auxílio-moradia, seja do auxílio-alimentação".
A reportagem da TV Bahia pediu esclarecimentos ao Ministério da Educação sobre o bloqueio de parte dos recursos das instituições federais, mas não obteve resposta. (G1)