Nubank (NU, NUBR33), maior fintech da América Latina, apresentou nesta segunda-feira, 14, seu primeiro lucro positivo após a abertura de capital em dezembro do ano passado. 

A empresa reportou um lucro líquido de US$ 7,8 milhões no terceiro trimestre, revertendo um prejuízo de US$ 34,5 milhões no mesmo período do ano passado. No trimestre anterior, o Nubank havia registrado prejuízo de US$ 29 milhões.

O lucro líquido ajustado, que exclui a remuneração via opções de ações, ficou acima do esperado por analistas. O Nubank teve um lucro líquido ajustado de US$ 63,1 milhões no terceiro trimestre – um crescimento de 270% frente aos US$ 17 milhões registrados na comparação trimestral e acima do consenso Bloomberg, que espera um resultado de US$ 12 milhões.

Já a receita líquida da companhia alcançou US$ 1,3 bilhão no período – um novo recorde. A receita aumentou de 171% frente aos US$ 482 milhões apurados no mesmo intervalo do ano anterior.

“É isso que queremos mostrar para o mercado: que conseguimos encontrar um bom mix entre crescimento acelerado e rentabilidade”, afirmou David Vélez, fundador e CEO do Nubank, em entrevista à EXAME Invest.

Segundo a companhia, a combinação foi resultado da eficiência do Nubank, que conseguiu aumentar sua receita por cliente dentro de custos fixos. A receita média mensal por cliente ativo — ARPAC, na sigla em inglês —, que indica se o banco digital é capaz de monetizar sua base, aumentou para US$ 7,9, um crescimento de 61% na comparação anual

Já o custo médio mensal de atendimento por cliente ativo permaneceu em US$ 0,8. “Isso mostra a capacidade do modelo do Nubank em gerar alavancagem operacional”, defendeu Vélez.

Vale lembrar que a base de clientes também está aumentando. O Nubank conta com 70,4 milhões de clientes, um crescimento de 46% em relação ao mesmo período do ano passado.

Para os próximos trimestres, a expectativa do Nubank é de continuar no azul, mas sem deixar de crescer. 

“Conseguimos navegar com lucro positivo, o modelo tem maturidade. Mas ainda não estamos em processo de maximização de lucro para os próximos trimestres. Vemos uma oportunidade gigantesca de crescimento nos próximos cinco anos e continuamos focados no longo prazo”, reforçou Vélez.

Inadimplência não assustou

A grande preocupação dos investidores com o resultado do Nubank era a inadimplência, que derrubou o resultado de grandes bancos como Bradesco e Santander. A expectativa era de que a fintech fosse mais atingida que os bancões por ter grande parte da carteira voltada para pessoas físicas, em cartões e empréstimos sem garantias – linhas mais arriscadas de concessão.

O cenário, no entanto, foi diferente. A carteira de crédito do Nubank fechou setembro em US$ 9,7 bilhões de dólares, alta 83% em 12 meses. 

A inadimplência subiu junto, tanto que o índice que indica atrasos de pagamentos acima de 90 dias avançou para 4,7% no trimestre, 0,6 pontos percentuais (p.p.) acima dos 4,1% registrados no ano passado.

Porém, o crescimento de 0,6 p.p. ficou abaixo do registrado por outros bancos, como Bradesco e Banco do Brasil, que tiveram alta em torno de 1 p.p. para o indicador.

Para Guilherme Lago, diretor financeiro (CFO) do Nubank, a explicação se deve, em parte, a uma questão de relacionamento. 

“Grande parte da piora da inadimplência do mercado se deu em relação às carteiras de mar aberto, ou seja, aquelas que não tem principalidade. E no nosso caso, mais de 50% dos clientes tem no Nubank a sua principal relação bancária”, explicou em entrevista à EXAME Invest. O Nubank é o banco principal de 55% dos clientes que usam o banco há mais de um ano.

O CFO destacou ainda que o Nubank tem performado melhor que o mercado se observado a separação por faixa de renda. O índice de inadimplência para quem recebe menos de um salário mínimo é de 12,9% no mercado e de 6,5% no Nubank, informa a empresa. O segmento é o que apresenta a maior inadimplência entre as faixas de renda.Lago argumenta ainda que a capacidade tecnológica do Nubank em gestão de dados tem sido um diferencial “em especial pras faixas de renda mais baixa onde existem poucos dados de mercado” (Exame). 

Publicação em destaque

TELECOM PROVIDER - INTERNET CAMPEÃ