Demissões nas big techs; uso de inteligência artificial e venda de imagens de nudez impactaram no aumento de denúncias
As denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil na internet bateram recorde em 2023, segundo relatório divulgado nesta terça-feira (6) pela Safernet, ONG que atua em defesa dos direitos humanos na internet.
O ano de 2023 teve o maior registro de denúncias em 18 anos que a pesquisa é realizada pela ONG. No total, foram 71.867 denúncias feitas em 2023; número 28% superior ao recorde anterior, registrado em 2008, que teve 56.115 denúncias.
Os dados de 2023 apresentaram alta de 77,1% em relação a 2022. Segundo a ONG, três fatores principais motivaram o aumento das denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil:
- As demissões em massa realizadas pelas big techs, que atingiram as equipes de segurança, integridade e moderação de conteúdo de algumas plataformas;
- A proliferação da venda de imagens de nudez e sexo autogeradas por adolescentes;
- O uso de inteligência artificial para a criação desse tipo de conteúdo.
- O levantamento foi divulgado no Dia da Internet Segura visando chamar a atenção sobre a importância da proteção infantil e do enfrentamento à violência sexual online.
Em um dos dados mais preocupantes, o relatório aponta que 16% das crianças e adolescentes no Brasil dizem que já receberam conteúdo sexual na internet.
Segundo a Safernet, é recomendado que a expressão "pornografia infantil" seja substituída por "imagens de abuso e exploração sexual infantil" ou "imagens de abusos contra crianças e adolescentes".
A ONG diz que a imagem de nudez e sexo envolvendo uma criança ou adolescente (por lei, pessoas de 0 a 18 anos incompletos), por definição, não é consensual. Com isso, não se trata de pornografia, mas de imagens de crianças e adolescentes sendo sexualmente abusadas e exploradas.
Quedas:
Houve queda no número de denúncias de três crimes de ódio entre 2023 e 2022:
- Racismo, que caiu 20,36%;
- LGBTfobia, -60,57%;
- Misoginia, -57,56%.
Segundo a Safernet, a queda nas denúncias desses tipos de crimes em 2023 já era esperada, uma vez que essas denúncias aumentam em anos eleitorais, comportamento registrado em 2018, 2020 e 2022. (Terra).