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  • Coca-Cola anuncia que deixará segmento de laticínios no Brasil ~ Blog Barreiras Noticias | Juninho Sem Maquiagem

    Holding suíça Emmi Group passará a ter 70% das ações da marca de produtos lácteos

    A holding suíça Emmi Group anunciou que sua subsidiária Laticínios Porto Alegre vai comprar a marca brasileira especializada em produtos lácteos saudáveis Verde Campo, que pertencia ao portfólio Coca-Cola desde o final de 2015. A operação representa a saída da Coca desse segmento no Brasil. Com a aquisição, a Porto Alegre terá 70% da empresa, enquanto os fundadores da Verde Campo manterão uma participação de 30% e um assento no Conselho de Administração. O valor da negociação não foi divulgado.

    Segundo comunicado ao mercado, a Emmi considera que a aquisição da Verde Campo complementa suas operações no Brasil. Atualmente, a atividade brasileira da holding é focada na venda de queijos naturais, mussarela e requeijão, além de leite UHT, creme de leite, manteiga e soro de leite em pó.

    A Laticínios Porto Alegre têm unidades de produção nas cidades mineiras de Ponte Nova, Mutum e Antônio Carlos, fora as instalações em Rio Novo do Sul, no Espírito Santo, e em Valença, no Rio de Janeiro. A empresa, que emprega cerca de 1,9 mil pessoas, teve faturamento líquido de R$ 1,4 bilhão em 2023.

    A Verde Campo adiciona a esse portfólio uma linha de produtos premium, com apelo saudável. Na avaliação do grupo suíço, a marca é forte nos principais centros urbanos, onde os consumidores valorizam produtos com maior percentual de proteínas e zero lactose, por exemplo.

    De acordo com o Euromonitor International, mais de 20 mil produtos com adição de proteínas e outros suplementos foram lançados globalmente nos três primeiros meses de 2024, contra 35 mil em todo o ano passado.

    Em 2023, na comparação com o ano anterior, o número de SKUs (código do varejo que significa tipos específicos de mercadorias) desse nicho cresceu 110% no Brasil, levando esse mercado a movimentar R$ 4,3 bilhões no país, um aumento de 26% no período.

    Procurada, a Coca-Cola disse que o acordo é fruto de uma decisão de negócios e parte da constante avaliação de seus ativos. A Verde Campo destacou que a venda está sujeita ao processo padrão de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

    Sinergia

    Rodrigo Marsilli, cofundador da Saudabe, empresa de saudabilidade da Gouvêa Ecosystem, afirma que a vantagem da aquisição está na sinergia entre a Verde Campo e a Porto Alegre, já que as duas empresas trabalham com laticínios e produtos refrigerados, diferentemente da Coca-Cola.

    — É outra rede de distribuição e armazenamento, outro negócio. Além disso, a Coca vende em canais diferentes daqueles em que o consumidor busca saudabilidade. Os produtos de saudabilidade estão em hortifrutis, farmácias e lojas de suplementação, por exemplo. A Coca é focada em canais como mercearias, bares e varejo de bairro — disse.

    Para o consultor de varejo da Azo Negócios, Marco Quintarelli, a Coca parece estar se aproximando das atividades onde tem maior relevância como estratégia de negócios, focando na venda de bebidas não refrigeradas, por exemplo.

    — Com a diminuição no consumo de refrigerantes, a Coca começou a se juntar com Mate e outras bebidas saborizadas. Talvez fizesse mais sentido para a empresa focar em bebidas mais similares à coca, como alternativas gaseificadas — avalia Quintarelli.

    Teto na distribuição

    Para os dois especialistas, a Porto Alegre mira ter maior capilaridade e escala com a compra da Verde Campo, que cresceu bastante nos últimos anos atrelada ao selo Coca-Cola. A marca brasileira alcançou vendas líquidas de R$ 301 milhões em 2023 e emprega atualmente cerca de 550 pessoas.

    Segundo Marsilli embora a rede de distribuição da Coca tenha permitido a Verde Campo crescer, essa alavancagem esbarra em um teto: a saudabilidade não cresce no pequeno varejo, nos bares e restaurantes (onde a Coca tem grande entrada), mas nas compras de abastecimento e online. Ou seja, é um momento de consumo diferente.

    — No Brasil, o saudável ainda é uma categoria premium. Estamos vendo outros players no mercado que adquiriram marcas de saudabilidade e pensam em se desfazer. A Verde Campo tem uma marca forte. A Porto Alegre é mais regionalizada. É um produto bom, de qualidade, mas que não tem um apelo saudável. A Verde Campo é um produto saudável, reconhecido por profissionais da saúde, que agrega o selo de marca premium — concluiu.

    Custo elevado

    Professor da FGV, Roberto Kanter afirma que a Coca-Cola deu um passo grande ao comprar a Verde Campo nove anos atrás, em uma tentativa de firmar seu posicionamento como uma empresa de bebidas.

    — Mas a Verde Campo tinha um modelo de negócios que não fazia parte do dia a dia da operação da Coca. Para ganhar dinheiro com produtos lácteos, você precisa ter uma operação verticalizada. Se não tiver a sua própria manada de boi, você não ganha escala — avalia o especialista.

    O doutor em administração e coordenador de cursos de MBA da Escola de Negócios da PUC, Marcos Caiado, disse que a Coca comprou a Verde Campo para entrar no mercado de produtos premium, mas a concorrência rapidamente se ajustou à mudança e passou a oferecer itens semelhantes.

    — A Coca tem padrões elevados de qualidade e produção, com equipamentos de ponta, e não conseguiu repassar esse custo elevado ao mercado. A concorrência, formada por diversas empresas do segmento de laticínios já com know-how, conseguia produzir produtos semelhantes com custos mais baixos. (O Globo).

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