
A mudança de comando do Banco Central (BC) está sendo encarada pela equipe econômica como uma segunda transição no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), comparável à primeira, que ocorreu em 2022, com a formação do ministério e o início das medidas econômicas da nova administração.
Assim como na primeira transição, a incerteza sobre o futuro comando do BC está tendo um impacto significativo. Um assessor do ministro Fernando Haddad (Fazenda) acredita que a falta de definição na presidência do BC esteja afetando os ativos financeiros e as expectativas do mercado, adicionando aproximadamente R$ 0,15 ao valor do dólar, que fechou em R$ 5,604 na sexta-feira (19).
Antecipar a nomeação do sucessor de Roberto Campos Neto, cujo mandato termina em 31 de dezembro, seria uma medida para tentar reduzir esse custo associado à transição e fornecer sinais claros sobre a futura direção da política monetária.
De acordo com pessoas próximas a Haddad, atualmente não há uma diretriz clara nesse sentido, o que tem aumentado a preocupação entre os agentes do mercado financeiro sobre a possibilidade de um BC mais flexível no controle da inflação em 2025. Isso tem contribuído para a deterioração das expectativas de inflação e, consequentemente, para a trajetória das taxas de juros.
Para tentar suavizar a transição na presidência do BC, Campos Neto defende que o governo Lula indique seu sucessor entre agosto e outubro. No entanto, a decisão final dependerá do presidente da República.