A reeleição do prefeito Manoel Afonso de Araújo, o Neo (PSD), em Formosa do Rio Preto, uma das cidades mais prósperas do agronegócio no Oeste baiano, tornou-se alvo de uma grave denúncia judicial, conforme informações do Portal Metro 1 divulgadas nesta sexta-feira (22/nov). O presidente do Diretório Municipal do PL, Itamar Santana, apresentou à Justiça Eleitoral um pedido de impugnação das contas de campanha do gestor, apontando supostas irregularidades que incluem caixa 2, abuso de poder econômico e falhas na prestação de contas eleitorais. O caso foi levado à juíza eleitoral Tônia Barouche no último dia 17 e detalha uma série de inconsistências que, segundo a acusação, poderiam invalidar a diplomação de Neo para um quarto mandato.
A denúncia alega que o prefeito omitiu despesas significativas relacionadas à campanha, incluindo gastos com comícios e atividades públicas que demandaram estruturas complexas e de alto custo. Entre os itens mencionados estão fogos de artifício, equipamentos de sonorização, geradores de energia, transporte e combustível, além do uso de paredões de som para eventos políticos.
“A campanha contou com comícios e atividades que exigiram estrutura complexa, cujos custos não aparecem ou foram declarados a menor. Esses elementos são essenciais para a realização de grandes eventos e o ocultamento de tais despesas sugere a existência de caixa 2”, afirma o texto da denúncia encaminhada à Justiça Eleitoral.
Outro ponto central do pedido de impugnação é a suposta subnotificação de despesas com um trio elétrico de última geração, utilizado pela campanha do prefeito durante 45 dias. O equipamento, que teria custo de mercado estimado em R$ 200 mil, foi registrado na prestação de contas por apenas R$ 10 mil, valor que, segundo a denúncia, seria referente apenas à montagem de palco e iluminação. Além disso, não há registros de pagamentos relacionados à locação de paredões de som nem à compra de fogos de artifício, amplamente utilizados nos eventos eleitorais.
Os advogados do PL também acusam Neo de ter ocultado valores gastos com combustível para abastecer veículos de apoiadores durante as carreatas, um recurso frequentemente utilizado em campanhas para mobilização de eleitores. A somatória dessas despesas não declaradas, segundo a denúncia, contribuiu para que o prefeito ultrapassasse o teto de gastos estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que era de R$ 367,9 mil para candidatos à prefeitura de Formosa do Rio Preto. Conforme os documentos apresentados, as despesas declaradas pela campanha de Neo Araújo totalizaram R$ 392,6 mil, excedendo o limite permitido em cerca de R$ 25 mil.
O pedido de impugnação alega que essas irregularidades comprometem a legitimidade da eleição e requer a cassação da chapa vitoriosa. Neo Araújo foi reeleito com uma vantagem mínima de apenas 246 votos, derrotando o adversário Bira Lisboa (PDT) por 8.936 contra 8.690 votos, em uma das disputas mais apertadas e tensas do interior baiano este ano.
Formosa do Rio Preto, que possui o segundo maior PIB per capita da Bahia, destaca-se como um dos principais polos econômicos do estado, devido à força de seu agronegócio, especialmente nas culturas de algodão e soja. A riqueza gerada pelo setor atrai o interesse tanto da base governista quanto da oposição, tornando a cidade um campo estratégico para disputas eleitorais.
De acordo com o Metro 1, até o fechamento da reportagem, a assessoria do prefeito Neo Araújo não havia se manifestado sobre as acusações.