O governo federal, em nome do Estado brasileiro, pediu publicamente desculpas à população negra pela escravização das pessoas negras e seus efeitos, em evento nesta quinta-feira (21), com a presença da ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e do advogado-geral da União, Jorge Messias.
A ministra Macaé Evaristo ressaltou que a escravização não acabou com o 13 de maio, Dia da Abolição da Escravatura.
“A GENTE SABE QUE ESSA MEMÓRIA ESTÁ NA CONSTRUÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MAIS DE 300 ANOS DE ESCRAVATURA, ELA NÃO ACABA NO 13 DE MAIO. PORQUE O 14 DE MAIO COMEÇA COM O TOTAL ABANDONO DA POPULAÇÃO NEGRA NO PAÍS. ELE COMEÇA COM A TOTAL AUSÊNCIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS. ELE COMEÇA COM A NEGAÇÃO DA NOSSA HUMANIDADE”.
O professor José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, destaca a importância da medida.
“MUITO IMPORTANTE QUE O ESTADO TENHA ESSE RECONHECIMENTO DE QUE AGIU DE FORMA INADEQUADA, DE FORMA ERRÔNEA E DE FORMA INJUSTIFICADA FRENTE A UM TIPO DE AÇÃO, UM TIPO DE COMPORTAMENTO.”
O babalaô Ivanir dos Santos, professor de história comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro e integrante do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas, também elogia a iniciativa, mas ressalta que mais importante são medidas de reparação histórica.
“MAIS IMPORTANTE AINDA SÃO AS POLÍTICAS DE REPARAÇÕES PARA ESSA COMUNIDADE NEGRA DESCENDENTE DOS ESCRAVIZADOS. PRECISA-SE TER POLÍTICAS EFETIVAS DE REPARAÇÃO. E O ESTADO BRASILEIRO, PELO QUE ME PARECE, ELE SE MOVE MUITO POUCO, ENQUANTO ESTADO PARA SE MODIFICAR NA IDEIA DE REPARAÇÕES”.
O evento marcou também o lançamento da Plataforma JurisRacial, para compilar e a disponibilizar documentos jurídicos sobre a temática racial. A plataforma tem como objetivo dar visibilidade e trazer informações para apoiar a superação do racismo e suas múltiplas formas e manifestações.