A Operação Overclean, realizada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF), desarticulou um gigantesco esquema de desvio de recursos públicos envolvendo o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) e diversas esferas municipais da Bahia e Tocantins.
O esquema, que movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão, teve como alvo pelo menos 15 dos 17 mandados de prisão emitidos pela Justiça.
Entre os detidos, destaca-se Ailton Figueiredo Souza Junior, vereador eleito em Nazaré das Farinhas e conhecido por sua influência na administração de Lauro de Freitas, onde teria intercedido para garantir pagamentos para empresas ligadas ao esquema.
A operação também prendeu Lucas Lobão, ex-coordenador do DNOCS na Bahia, e Alex Rezende Parente, responsável por financiar e coordenar as atividades ilícitas através de empresas como Allpha Pavimentações e Larclean Ambiental.
Os investigados são acusados de corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos, e lavagem de dinheiro.
O esquema envolvia superfaturamento em obras públicas e desvio de recursos por meio de emendas parlamentares e convênios com órgãos públicos. Além do sequestro de R$ 162,4 milhões e a apreensão de aeronaves, imóveis de luxo, e veículos, a operação também ordenou o afastamento de oito servidores públicos.
A cooperação da Agência Americana de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI) foi fundamental para as investigações, que apontam para uma rede criminosa que operava em diferentes estados, incluindo São Paulo, Goiás e Tocantins.
A PF ainda busca cumprir 43 mandados de busca e apreensão em cidades como Salvador, Lauro de Freitas, Jequié, e Itapetinga, além de outros estados.
A operação é um marco no combate à corrupção, destacando a atuação conjunta de diversas entidades governamentais, incluindo a Receita Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU).
O caso é considerado um dos maiores esquemas de desvio de recursos públicos desmantelado nos últimos anos, com consequências diretas para o combate à impunidade e para a preservação da integridade das instituições públicas.
Veja lista completa dos nomes já identificados:
- Lucas Lobão: ex-coordenador do DNOCS na Bahia, atuou facilitando a aprovação de contratos fraudulentos enquanto no cargo, e continuou a operar nos bastidores após sua exoneração. Possui relação próxima com Alex Parente e atua como sócio oculto da Allpha Pavimentações;
- Alex Rezende Parente: responsável por financiar as atividades ilícitas, definir as diretrizes operacionais, exercer controle sobre os membros e tomar decisões estratégicas. Administra as empresas Allpha Pavimentações, Larclean Ambiental e Qualymulti Serviços;
- Fábio Rezende Parente: irmão de Alex Parente, atua como executor financeiro da organização, realizando transferências bancárias e pagamentos de propinas, inclusive utilizando contas de terceiros;
- José Marcos de Moura: empresário, conhecido como Rei do Lixo, responsável pelo financiamento, coordenação de atividades ilícitas, expansão da rede criminosa e influência em diversas esferas
- Flávio Henrique Pimenta: servidor da Secretaria Municipal de Educação de Salvador, que trocou informações privilegiadas com Alex Parente sobre um processo licitatório, com o intuito de beneficiar a Larclean;
- Clebson Cruz de Oliveira: ex-sócio de Fábio Rezende Parente e funcionário da Larclean. Fornece apoio logístico à ORCRIM em Salvador, executando tarefas como entrega de propinas e saques em espécie;
- Fábio Netto do Espírito Santo: procurador da empresa Villetech, utilizada para lavagem de dinheiro;
- Orlando Santos Ribeiro: servidor de governo de Itapetinga;
- Francisco Manoel do Nascimento Neto: vereador e ex-secretário executivo de Campo Formoso, que recebeu vantagens indevidas para direcionar contratos para as empresas dos irmãos Alex e Fábio Parente;
- Kaliane Lomanto Bastos: coordenadora de Projetos na Secretaria de Infraestrutura de Jequié e que teria recebido R$ 48.700,00 em propina de Alex e Fábio Parente para liberar pagamentos de contratos da Allpha;
- Claudinei Aparecido Quaresemin (operador regional no Tocantins): recebeu transferências bancárias de Alex Parente em contas de pessoas jurídicas interpostas, totalizando R$ 805.400,00;
- Itallo Moreira de Almeida: servidor da Secretaria de Educação do Tocantins. Recebeu R$ 172.590,00 em transferências por determinação de Alex Parente, através de pessoas interpostas;
- Evandro Baldino do Nascimento: empresário da construção, participando de fraudes em licitações em diversos municípios;
- Geraldo Guedes de Santana Filho: sócio da A G&M Agência de Turismo e funcionário de Alex Parente, executa funções de contabilidade, secretariado e intermediação com agentes públicos
- Diego Queiroz Rodrigues: ex-vereador e vereador eleito de Itapetinga;
- Ailton Figueiredo Souza Junior: possui forte influência na Prefeitura de Lauro de Freitas e Intercedeu para garantir pagamentos à PAP Saúde Ambiental, empresa ligada a Alex Parente;
- Iuri dos Santos Bezerra: dialogou com Geraldo Guedes sobre a destruição de provas, a mando de Alex Parente;