O crescimento de geração de energia por meio de painel solar traz riscos efetivos de sobrecarga em nove Estados no país, nos próximos cinco anos, aponta relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A informação é da coluna do jornalista Lauro Jardim, de “O Globo”.
Os Estados que podem ser afetados são Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso, Rondônia, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Piauí.
O ONS vê risco de sobrecarga “inadmissível” — superior à capacidade operacional de curta duração dos transformadores — em subestações dessas regiões.
Segundo o ONS, os painéis solares em residências e comércios e as usinas solares tipo 3 (estruturas mais complexas, mas também descentralizadas) têm hoje um total de capacidade instalada de 53 GW, o que representa mais de um quinto (22%) da capacidade instalada em todo o país.
Um dos efeitos preocupantes da energia gerada de forma descentralizada é o chamado “fluxo reverso” de energia: em vez de a energia fluir da transmissora para a distribuidora, o excesso de energia gerada e não usada pelos consumidores residenciais e comerciais com painéis solares fazem o caminho inverso, passando da distribuidora para o sistema de transmissão.
É esse fenômeno que gera, por exemplo, o risco de sobrecarga no sistema, o que pode resultar em desligamento do sistema de transmissão por excesso de carga elétrica.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar), o setor de energia solar já recebeu investimentos de mais de R$ 200 bilhões, sendo que parte relevante desse valor está em sistemas, instalados em telhados e terrenos menores tanto residências quanto pequenos negócios.
Em 2023, o Brasil adicionou 7,8 GW de capacidade instalada à matriz elétrica, com destaque para a energia solar.
Resposta do ONS
Leia a seguir a nota do ONS sobre possível risco de apagão:
"O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) esclareceu que o Plano da Operação Elétrica de Médio Prazo do SIN (PAR/PEL) não aponta risco iminente de apagão no Brasil. O documento, produzido anualmente, apresenta avaliações do desempenho elétrico do Sistema Interligado Nacional (SIN) num horizonte de cinco anos à frente, de modo que a operação futura ocorra com qualidade e equilíbrio entre segurança e custo. O mais recente foi publicado nos canais oficiais do Operador, em dezembro de 2024, e divulgado à imprensa em todo o país.
O Sumário Executivo do PAR/PEL sinaliza os possíveis desafios operativos e recomendações para fortalecer o sistema elétrico diante da evolução do setor, incluindo o crescimento da geração distribuída e das fontes renováveis. O papel do ONS é antecipar cenários, avaliar impactos e propor soluções para garantir a confiabilidade e segurança do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Além disso, o ONS adota medidas operativas que são ações preventivas para mitigar riscos e evitar, por exemplo, sobrecargas em equipamentos, além de outros fenômenos elétricos que possam comprometer a segurança do sistema.
O sistema elétrico brasileiro é robusto e segue operando com segurança, e os desafios apontados no Plano da Operação Elétrica de Médio Prazo do SIN (PAR/PEL) são parte de um processo contínuo de modernização e adaptação do setor. O ONS reforça seu compromisso com a transparência e com a adoção das melhores práticas para garantir um sistema elétrico cada vez mais seguro e eficiente." (Valor Econômico).