A obesidade avança no Brasil e preocupa especialistas. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025, divulgado nesta segunda-feira (3) pela Federação Mundial da Obesidade (WOF), 31% da população brasileira já vive com obesidade, e essa porcentagem tende a crescer nos próximos cinco anos.
Além disso, cerca de 68% dos brasileiros têm excesso de peso, incluindo aqueles com sobrepeso.
Outro dado alarmante é o sedentarismo: entre 40% e 50% da população adulta não pratica atividades físicas na frequência e intensidade recomendadas. Essa falta de movimentação agrava os riscos associados ao excesso de peso, como diabetes tipo 2 e Acidente Vascular Cerebral (AVC).
O relatório faz projeções para 2030 e aponta que:
O número de homens com obesidade pode crescer 33,4%
Entre as mulheres, o aumento pode chegar a 46,2%
Mais de 60,9 mil mortes prematuras no Brasil já podem ser atribuídas ao sobrepeso e obesidade
O endocrinologista Marcio Mancini, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), reforça que o combate à obesidade precisa ser tratado como questão de saúde pública.
“É um problema de saúde pública, não dá mais para responsabilizar um indivíduo. O problema tem que ser enfrentado com medidas coletivas”, enfatiza Mancini.
O Atlas também revelou que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com obesidade. Sem ações eficazes, esse número pode ultrapassar 1,5 bilhão até 2030.
Além disso:
Dois terços dos países não estão preparados para enfrentar o crescimento da obesidade
Apenas 7% das nações possuem sistemas de saúde adequados para tratar o problema
A obesidade já é responsável por 1,6 milhão de mortes prematuras por ano
Em comparação com outros países, os índices brasileiros são melhores que os dos Estados Unidos (onde 75% da população tem excesso de peso e 44% tem obesidade), mas piores que os da China (com 41% da população acima do peso e 9% com obesidade).
Para Mancini, a mudança alimentar no Brasil contribui para o agravamento do problema:
“Cada vez se come menos arroz e feijão e mais alimentos processados. Mas ainda não chegamos ao nível dos Estados Unidos. É o momento de tentar reverter esse cenário”, alerta o especialista.
A Federação Mundial da Obesidade recomenda ações concretas, como melhoria na rotulagem de alimentos, tributação de produtos ultraprocessados e incentivo à atividade física para conter esse avanço preocupante. (Voz da Bahia).