
O encerramento de agências bancárias no interior da Bahia tem gerado impactos não apenas para os moradores, mas também para os trabalhadores do setor. Entre janeiro de 2020 e junho de 2025, 1.651 bancários foram desligados de seus cargos no estado, de acordo com dados do Sindicato dos Bancários da Bahia.
O Bradesco foi responsável por 706 dessas demissões, liderando o número de cortes. A instituição também registrou o maior volume de unidades encerradas no período recente. Entre outubro de 2023 e março de 2024, o banco desativou agências e pontos de atendimento em 36 cidades baianas, dentro de um plano nacional de modernização que visa priorizar os canais digitais e reduzir custos operacionais.
No entanto, sindicalistas alertam que a suposta realocação de funcionários não se concretiza na prática. “Os bancos dizem que vão realocar, mas há excesso de gerentes e supervisores. O que vemos são demissões”, afirma Ronaldo Ornelas, diretor do sindicato da categoria.
O Itaú Unibanco (344 demissões), Santander (219) e Banco Safra (137) também figuram entre os que mais demitiram bancários na Bahia nos últimos cinco anos. A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil aparecem com 93 e 109 desligamentos, respectivamente.
A redução da presença física das instituições financeiras tem provocado protestos em cidades afetadas. Em Rio do Pires e Palmeiras, por exemplo, as agências encerradas eram as únicas disponíveis, obrigando os moradores a se deslocarem por até 50 quilômetros para ter acesso a serviços bancários.
Diante da situação, o Sindicato dos Bancários se reuniu com o Procon-BA em maio, em Salvador. O órgão avalia acionar o Ministério Público estadual para impedir novos fechamentos. A proposta é baseada em decisão recente do Maranhão, onde a Justiça suspendeu o encerramento de atividades do Bradesco em 16 municípios.
Hoje, 199 dos 417 municípios baianos — o equivalente a 47,72% — não contam com qualquer agência bancária. Para Thaise Mascarenhas, vice-presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, os bancos estão abandonando seu papel social. “As empresas investem na digitalização, mas repassam os custos para os clientes e promovem cortes em massa para aumentar seus lucros”, diz.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), ao ser questionada, afirmou que não dispõe de dados sobre o fechamento de agências, mas confirmou a tendência de migração para os canais digitais, citando o novo perfil do consumidor como justificativa para a reestruturação do setor.