
O Ministério das Relações Exteriores elevou o tom contra os Estados Unidos nesta terça-feira (18), após declarações recentes de autoridades americanas classificadas como “intromissão indevida e inaceitável” em assuntos internos do Brasil, especialmente no que diz respeito ao Poder Judiciário.
A nota oficial do Itamaraty foi uma resposta direta à postagem do subsecretário norte-americano para Diplomacia Pública, Darren Beattie, compartilhada pela Embaixada dos EUA em Brasília. No texto, Beattie afirmou que os Estados Unidos impuseram “consequências” ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“O Brasil rechaça, mais uma vez, qualquer tentativa de politização equivocada desse assunto. O país é uma democracia consolidada, cuja soberania não está e nem estará jamais na mesa de qualquer negociação”, declarou o Itamaraty.
O comunicado reafirma o compromisso do Brasil com o diálogo diplomático e comercial com os EUA, mas alerta que posturas como a de Beattie ferem o espírito de respeito mútuo cultivado ao longo de mais de dois séculos de relações bilaterais.
A escalada diplomática ocorre no mesmo dia em que o presidente Lula sancionou a chamada Lei da Reciprocidade, que autoriza o governo brasileiro a adotar medidas equivalentes às impostas por outros países. A nova legislação é uma resposta direta ao anúncio do presidente Donald Trump de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, incluindo suco de laranja, aço e celulose.
Na semana passada, Trump já havia enviado uma carta a Lula, acusando o governo brasileiro de cometer “ataques insidiosos” contra a democracia americana, intensificando o clima de tensão diplomática.
Em resposta, Lula afirmou que as ameaças são “desrespeitosas” e que “a diplomacia não pode ser substituída por vídeos ou postagens na internet”. O presidente também garantiu que o Brasil responderá “com firmeza” a qualquer tentativa de intimidação ou violação da soberania nacional.
Apesar do endurecimento do discurso, a orientação do governo brasileiro segue sendo pelo caminho do diálogo. Um comitê interministerial foi criado para tratar da crise com os Estados Unidos e tem promovido reuniões com representantes do setor produtivo nacional.