Apesar da diferença pequena, segundo o diretor da Quaest, Felipe Nunes, os números revelam que não há espaço na opinião pública para uma anistia ampla: "São 51% que não aceitam anistia para Bolsonaro, somando os que rejeitam qualquer perdão com os que defendem apenas para os manifestantes", disse.
Polarização evidente
O estudo evidencia que a questão reflete a divisão política do país. Os contrários à anistia estão concentrados no Nordeste, entre eleitores de baixa renda, católicos e identificados com a esquerda lulista ou não. Já o apoio ao perdão vem sobretudo do Sul e do Centro-Oeste, entre eleitores de renda alta, evangélicos e ligados à direita ou ao bolsonarismo.
Entre os que se declaram lulistas, 58% são contra a anistia, enquanto 62% dos bolsonaristas defendem o perdão irrestrito a todos os envolvidos, incluindo o ex-presidente. Eleitores de direita não bolsonarista também mostram maioria favorável (61%) ao perdão amplo.
Recorte regional e social
O Nordeste lidera a rejeição à anistia (44%), seguido pelo Sudeste (42%), Centro-Oeste/Norte (40%) e Sul (35%). O maior apoio ao perdão amplo está no Centro-Oeste/Norte e no Sul (42% em ambos).
Mulheres tendem a ser mais contrárias (40%) que os homens (42%), que aparecem divididos entre o perdão amplo (40%) e a rejeição (42%). Por idade, a oposição à anistia é majoritária em todas as faixas etárias, com destaque para 42% entre os mais velhos.
O nível de escolaridade também pesa: 45% dos brasileiros com ensino superior rejeitam a anistia, contra 39% dos que concluíram apenas o ensino médio. Já entre os mais escolarizados, 41% apoiam o perdão irrestrito.
A divisão também aparece na renda: 43% dos que ganham até dois salários mínimos são contra o perdão, enquanto 43% dos que recebem mais de cinco salários defendem a anistia para todos. Entre católicos, 43% rejeitam a medida, contra 33% dos evangélicos, grupo no qual 40% apoiam a anistia ampla.
A pesquisa foi encomendada pela Genial Investimentos e ouviu 2.004 pessoas entre 12 e 14 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, com 95% de nível de confiança. (Congresso em Foco).