
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (22) que as tarifas impostas a parceiros comerciais, incluindo uma de 50% sobre o Brasil, “salvaram” os pecuaristas americanos. O país sul-americano é o maior exportador de carne bovina para o mercado norte-americano.
“Os pecuaristas, que eu amo, não entendem que o único motivo de estarem indo tão bem, pela primeira vez em décadas, é porque eu impus tarifas sobre o gado que entra nos Estados Unidos, incluindo uma de 50% sobre o Brasil”, escreveu Trump em uma rede social.
Apesar da defesa das tarifas, o presidente cobrou que o setor reduza os preços ao consumidor. “Além de tudo, as tarifas sobre outros países SALVARAM nossos pecuaristas!”, reforçou.
Paralelamente, o governo americano anunciou um plano para reconstruir o rebanho nacional, fortemente afetado pela seca dos últimos anos. A iniciativa envolve os departamentos de Agricultura, Interior, Saúde e Serviços Humanos e a Administração de Pequenas Empresas, que estudam ampliar áreas de pastagem em terras federais e aumentar subsídios a produtores.
O Departamento de Agricultura (USDA) informou que, a partir de 1º de janeiro de 2026, passará a fiscalizar o uso do selo “Produto dos EUA” para garantir que apenas produtores nacionais sejam beneficiados com incentivos e prêmios do mercado interno.
A declaração de Trump veio após ele admitir, no início da semana, que o governo considera importar carne da Argentina para conter os preços recordes pagos pelos consumidores — proposta que irritou pecuaristas e parlamentares republicanos.
Oito congressistas do partido, liderados pela deputada Julie Fedorchak, da Dakota do Norte, enviaram uma carta ao presidente pedindo mais transparência sobre o plano. “Incentivamos sua administração a garantir que futuras decisões sejam tomadas com base científica sólida e total compromisso com a pecuária americana”, diz o documento.
Especialistas, porém, afirmam que não há solução imediata para reduzir os preços. “A economia e a biologia disso são um quebra-cabeça difícil de resolver”, disse David Anderson, economista da Universidade Texas A&M.
Segundo o analista Arlan Suderman, da StoneX, as tarifas sobre o Brasil reduziram o volume de carne importada e ajudaram a elevar os preços nos Estados Unidos. “Isso certamente contribuiu para o aumento do custo da carne no varejo, mas não significa mais lucro para quem cria o gado”, destacou.
Os contratos futuros de gado atingiram recorde histórico na semana passada, mas, após as declarações de Trump, as cotações despencaram no limite máximo diário.
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