
A Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) realiza anualmente a campanha
Setembro Verde para alertar as pessoas sobre o diagnóstico, a prevenção
e os tratamentos do câncer de intestino. Nossa sugestão é abordar o
tema, com destaque para o tratamento inovador que chegou à Bahia este
ano: a cirurgia robótica, conforme segue:
Melhor visão e precisão são algumas das vantagens da cirurgia robótica no tratamento de câncer colorretal
Uso
do robô, disponível em dois hospitais de Salvador, reduz riscos de
complicações e proporciona recuperação mais rápida para o paciente
A
primeira cirurgia robótica para tratamento de câncer de intestino na
Bahia foi realizada pela equipe do cirurgião coloproctologista Carlos
Ramon Mendes. A indicação da técnica para o tratamento desse tipo de
tumor, também conhecido como câncer de cólon e reto ou colorretal, tem
sido recorrente nos locais que contam com o robô há mais tempo.
Sobretudo em situações de maior complexidade, como nos pacientes obesos e
com sobrepeso e nos tumores do reto, o robô traz vantagens como a
preservação dos nervos genitais e urinários. As únicas plataformas
robóticas existentes no estado chegaram à Bahia este ano - a primeira no
Hospital Santa Izabel (HSI) e a segunda no São Rafael (HSR).
Segundo Ramon Mendes, Diretor do Núcleo de Coloproctologia
do
Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR), a técnica é uma
alternativa muito mais precisa para retirada do câncer colorretal.
“Podemos
utilizar a plataforma para os mesmos casos em que usamos a
videolaparoscopia, com todas as vantagens da cirurgia robótica
agregadas: visão tridimensional e mais nítida dão maior precisão durante
o procedimento que, em geral, apresenta menos riscos de complicações e
sangramentos, menor dor no pós-operatório e recuperação mais rápida para
o paciente”, resumiu o especialista, que é chefe do serviço de
coloproctologia do Hospital Santa Izabel, coordenador da especialidade
do Hospital Cardio Pulmonar e preceptor da residência de coloproctologia
do Hospital Roberto Santos.
Recorrência -
O câncer colorretal, que abrange os tumores que se iniciam nas partes
do intestino chamadas de cólon e reto, é o terceiro tipo mais comum de
câncer em homens no mundo e o segundo em mulheres, segundo a Agência
Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC, na sigla em inglês). No
Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são
estimados 36.360 casos, sendo 17.380 em homens e 18.980 em mulheres.
Cerca de 70% dos pacientes diagnosticados com a doença têm mais de 50
anos de idade.
O
câncer é tratável e, na maioria dos casos, curável, se detectado
precocemente e quando ainda não se espalhou para outros órgãos. Grande
parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que
podem crescer na parede interna do intestino grosso. “Entre os
principais fatores de risco para o câncer de cólon e reto estão
histórico familiar; dieta rica em carne vermelha e gorduras e pobre em
verduras, legumes e frutas; consumo frequente de álcool; tabagismo;
doença inflamatória intestinal; obesidade e sedentarismo; histórico
familiar da doença; predisposiçã genética ao desenvolvimento de doenças
crônicas do intestino e idade avançada”, elencou o cirurgião do IBCR. Há
de se considerar, ainda, que a radioterapia para câncer de próstata ou
tumores ginecológicos pode ser um fator de risco para câncer de reto.
Rastreamento
- Como em alguns casos o câncer de cólon e reto não apresenta sintomas,
é recomendado fazer o rastreamento através do exame de colonoscopia a
partir dos 45 anos ou já aos 35 anos, caso haja histórico familiar ou
comportamento de risco. Quando há sintomas, os mais comuns são diarreia
frequente, constipação, mudança no ritmo intestinal e no formato da
fezes, presença de muco e sangue nas fezes, dor abdominal, anemia e
perda inexplicada de peso. A doença tem quatro estágios, sendo que a
sobrevida em cinco anos é de 75% para diagnósticos no estágio I e apenas
5% para cânceres diagnosticados no estágio IV - daí a importância do
diagnóstico precoce.
Tratamento
- O único tratamento que cura o câncer de cólon e reto é o cirúrgico.
Nos casos do câncer de cólon, o tratamento consiste em retirar o tumor,
os vasos que nutrem o tumor e os linfonodos na raiz dos vasos
(mesentério). Nos casos de câncer do reto, os principais tratamentos são
a ressecção do mesorreto, envolvendo ou não os músculos do assoalho
pélvico. Em alguns casos, pode ser feita a quimioterapia e radioterapia
pré-operatória, para reduzir o tamanho da massa tumoral e assegurar a
preservação do esfíncter, poupando o paciente da chamada colostomia
definitiva.
O câncer colorretal pode ser operado por via laparoscópica, que é uma forma minimamente invasiva.
“Cada vez mais, porém, percebemos que a cirurgia robótica se apresenta
como a opção com o maior número de benefícios associados no tratamento
do câncer intestinal”, frisou Ramon Mendes.
Assessoria de Comunicação