O número de casamentos entre pessoas do mesmo sexo mais que dobou na Bahia, em um intervalo de um ano, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (4). O levantamento relaciona dados coletados em 2017 e 2018.

Segundo os dados do IBGE, em 2017 foram 140 uniões do estado, enquanto em 2018 o número subiu para 288, representando um crescimento de 105,7%. Destes, 172 ocorreram em Salvador (6 em cada 10 uniões), sendo 100 entre mulheres e 72 entre homens.

De acordo com o instituto, foi o terceiro maior aumento percentual entre os estados, ficando abaixo apenas de Pernambuco (de 156 para 391) e Alagoas (de 44 para 95).

A maior parte dos casamentos de pessoas do mesmo sexo oficializados em 2018 na Bahia foram entre duas mulheres (170), enquanto os casamentos entre dois homens somaram 118. Em relação a 2017, tanto as uniões femininas ( crescimento de 109%) quanto as masculinas (crescimento de 100%) dobraram, com uma pequena vantagem para as mulheres.

O IBGE ainda destacou que apenas três dos 27 estados brasileiros tiveram redução no número de uniões oficializadas entre pessoas do mesmo sexo: Acre (-1), Amapá (-2) e Roraima (-6).

No Brasil, embora o total de casamentos tenha diminuído entre 2017 e 2018, as uniões entre pessoas do mesmo sexo aumentaram 61,7%, passando de 5.887 para 9.520 (mais 3.633 casamentos em um ano).

Bahia na contramão do Brasil

Em 2018, pelo terceiro ano consecutivo, os casamentos em geral tiveram, na Bahia, um movimento em sentido contrário ao do país. Enquanto no Brasil houve redução de 1,6% no total de casamentos civis registrados (de 1.070.376 em 2017 para 1.053.467 em 2018), a Bahia teve pela segunda vez seguida o maior aumento absoluto do país no número de uniões formalizadas: de 64.578 para 68.623, ou 4.045 casamentos a mais realizados em um ano (+6,3%).

Com a expansão, o número de uniões formalizadas no estado (68.623) atingiu seu recorde histórico (desde 2002).

Em termos percentuais, o crescimento na quantidade de casamentos na Bahia (6,3%) foi o quarto maior do país, abaixo de Pará (7,1%), Mato Grosso (7,0%) e Acre (6,8%), cujos acréscimos em termos absolutos foram bem menos significativos que o baiano (mais 2.385, 1.238 e 382 casamentos respectivamente). De 2017 para 2018, o número de casamentos aumentou em 12 dos 27 estados.

Assim como ocorre no país como um todo, as uniões entre mulheres e homens ainda são dominantes no estado, representando em 2018, 99,6% do total de casamentos registrados, ou 68.335 em números absolutos. A quantidade representa crescimento de 6% em relação a 2017 (o que representou mais 3.897 uniões em um ano).

Em termos percentuais, porém, o número de casamentos entre pessoas do mesmo sexo foi o que mais cresceu.

Divórcios também aumentaram

Não foi apenas o número de casamentos que cresceu na Bahia entre 2017 e 2018 e atingiu seu recorde. O total de divórcios também avançou de forma expressiva no estado, de um ano para o outro, e chegou ao seu maior nível histórico, com 24.952 dissoluções concedidas na Justiça ou por escritura, 22,5% a mais do que em 2017 (20.371).

Assim, em 2018, a cada três casamentos registrados na Bahia (2,8), um resultava em divórcio, proporção quase idêntica à média nacional (2,7 casamentos por divórcio realizado).

O crescimento absoluto no número de divórcios na Bahia, entre 2017 e 2018 (+4.581) foi o segundo maior do país, perdendo apenas para o de São Paulo (+7.043). Já o aumento percentual (+22,5%) foi o 5º maior entre os estados.

No Brasil como um todo o número de divórcios também se manteve em alta, em 2018, embora num ritmo bem menor que na Bahia. Cresceu 3,2% em relação a 2017, chegando a 385.246, com aumentos em 16 dos 27 estados.

Índice de natalidade baixo

De 2017 para 2018, a natalidade teve um aumento bastante discreto na Bahia, o menor dentre as unidades da Federação em que o número de nascimentos cresceu. Em 2018, foram registrados 202.704 bebês no estado, apenas 186 a mais que em 2017 (202.518), representando um leve avanço de 0,1%.

O incremento foi o segundo consecutivo (o número de nascimentos já havia crescido de 2016 para 2017), mas ainda não fez a natalidade na Bahia chegar ao patamar de 2015, antes da forte queda causada em grande parte pela incidência do zika vírus.

Em 2018, o número de nascimentos registrados seguiu em alta no país como um todo e em 20 dos 27 estados. O incremento na Bahia, porém, foi o menor em termos percentuais (0,1%) e razoavelmente abaixo da média nacional.

Se os nascimentos na Bahia como um todo mostraram um discreto aumento, na cidade de Salvador, a natalidade caiu de forma importante entre 2017 e 2018.

No ano passado, nasceram e foram registradas 33.507 crianças em Salvador, 4,2% menos que em 2017, quando foram registrados 34.959 nascimentos. Isso representou menos 1.452 crianças nascendo de um ano para o outro. Foi a segunda maior queda percentual e a terceira em termos absolutos, entre as capitais.

De 2017 para 2018, apenas Porto Alegre/RS teve uma redução percentual de nascimentos maior que a da capital baiana (-5,2%, de 18.338 para 17.381). Em termos absolutos, só São Paulo (menos 4.751 nascimentos) e Rio de Janeiro (menos 1.774) mostraram quedas maiores que Salvador.

Além da redução da natalidade, os registros de nascimentos revelam também o aumento da fecundidade mais tardia na Bahia. O fenômeno, resultado do progressivo envelhecimento da população e da cada vez mais frequente postergação da maternidade, tem ainda mais força em Salvador.

Tanto frente a 2008 quanto na comparação com 2017, na Bahia houve redução do número de mulheres que tiveram filhos em todos os grupos de idade abaixo de 30 anos. Também caiu a participação delas no total das mães.

Com relação a 2017, a fecundidade envelheceu ainda mais: cresceu apenas o número de filhos tidos por mulheres a partir de 35 anos de idade. Assim, no ano passado, quase metade dos bebês que nasceram na capital baiana tiveram mães de 30 anos ou mais de idade: 46,3% ou 15.486, de um total de 33.507.

Na Bahia como um todo, os filhos de mães com mais de 30 anos chegavam perto de 40% do total em 2018 (35,5% ou 71.938), frente a 23,1% em 2008.

Por outro lado, os nascimentos de mães adolescentes (menores de 20 anos) são os que mais caem, tanto em Salvador quanto na Bahia como um todo, seja em relação a 2017, seja na comparação com 2008.

Ainda assim, no ano passado, mulheres de até 19 anos tiveram 35.680 filhos na Bahia, o que representou 17,6% das crianças nascidas. Esse percentual estava acima da média nacional (14,9%) e era o 11º mais elevado dentre os estados.

 no G1 Bahia.

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