O professor e pesquisador Jaime Henrique Amorim Santos concedeu uma entrevista exclusiva ao Canal do Fala Barreiras no Youtube neste sábado (19). Ele falou sobre a atuação da UFOB diante da pandemia de Covid-19 e comentou sobre a situação do Novo Coronavírus na Região Oeste.
Jaime pode falar sobre o assunto com propriedade. Ele é biomédico (UESC), mestre em Genética e Biologia Molecular (UESC) e doutor em Biotecnologia (USP). Além de atuar como professor na UFOB, ele também integra a equipe do Laboratório de Agentes Infecciosos e Vetores (LAIVE), que tem desenvolvido um trabalho muito importante, atuando como central de diagnóstico da doença Covid-19, causada pelo novo coronavírus.
O LAIVE já realizou 4.000 mil testes de COVID-19
De acordo com o Professor, o LAIVE iniciou a realização dos testes para Covid-19 no dia 12 de maio desse ano e, até agora, já entregou os resultados de cerca de 4 mil exames, atendendo a demanda de vários municípios da Região Oeste da Bahia.
Além disso, o laboratório também deve aumentar o volume de exames realizados, contribuindo ainda mais com o diagnóstico da doença na Região. Vale lembrar que a UFOB não realiza coleta para exames, a não ser em caso de pesquisa, e que os materiais são enviados pelo Núcleo Regional de Saúde do Oeste.
A situação da COVID-19 na Região Oeste
Em relação à situação do Novo Coronavírus, Jaime comentou que, aparentemente, houve uma desaceleração do ritmo de contágio. Porém, como os pesquisadores ainda não fizeram as análises estatísticas adequadas, ainda não é possível afirmar categoricamente se houve ou não uma redução do contágio.
Além disso, o Professor reforçou que a população só ficará livre da pandemia quando houver uma vacina ou quando surgirem fármacos (remédios ou drogas), comprovadamente eficazes no tratamento da doença. E mesmo com a descoberta desse remédio, a melhor forma de conter o avanço da doença e de proteger as pessoas é através da vacinação da comunidade.
Ainda segundo Jaime, Barreiras tinha uma vantagem estratégica muito grande de combate à doença, por ser distante dos grandes centros, mas essa chance não foi aproveitada. Com o isolamento da região, teria sido possível atrasar ainda mais a chegada do vírus na cidade e, quando isso ocorresse, poderiam ter sido adotadas as chamadas intervenções não farmacológicas, baseadas apenas em cuidados de higiene e distanciamento social.
“Se esse tipo de medida, que eu estou dando um exemplo, tivesse sido tomada logo no início, que é uma estratégia muito inteligente, mas que exige uma disposição e conhecimento da parte científica maior, mais elaborado, até o impacto na economia local com certeza seria muito menor”, disse Jaime.
O professor também reforça que o toque de recolher, da maneira como foi feita, não teve um impacto significativo na mitigação e desaceleração da doença.
“A passagem do vírus pela região até agora teve o que a gente chama de caminho natural. O vírus praticamente não sofreu interferência na sua transmissão. É muito simples você concluir que não houve efeito porque, assim que o toque de recolher foi retirado, ou mesmo durante, a curva de infecção do vírus não parou de aumentar”, afirmou Jaime.
O novo coronavírus também é resistente a altas temperaturas
O Professor também comentou sobre os resultados de algumas pesquisas realizadas na UFOB relacionadas ao impacto ambiental na transmissão do vírus. De acordo com Jaime, as pesquisas realizadas até agora confirmaram o que pesquisadores de outras partes do mundo já tinham encontrado, que o vírus tem uma resistência muito grande, podendo sobreviver mesmo em temperaturas mais altas.
Porém, a contaminação não ocorre através do contato com objetos, mas de pessoa para pessoa. Por isso, o uso da máscara é fundamental para evitar o contágio.
O professor também comentou sobre outros aspectos das pesquisas realizadas na UFOB e ainda respondeu questões relacionadas ao recontágio e à contaminação de animais. Confira, no vídeo abaixo, a entrevista completa com o professor e pesquisador Jaime Henrique Amorim Santos.
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