
A
vacina da Oxford/AstraZeneca está sendo usada no Brasil conforme as
prioridades definidas pelo Ministério da Saúde. As primeiras doses do
imunizante que estão sendo distribuídas no país foram importadas da
Índia . É previsto que, nos próximos meses, a vacina comece a ser
produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A instituição científica
vinculada ao Ministério da Saúde firmou, em agosto do ano passado, um
acordo com a Universidade de Oxford e com a AstraZeneca para
transferência de tecnologia.
O
estudo foi divulgado na revista como um artigo ainda em formato
preprint, isto é, trata-se de uma pré-publicação que passará pelo crivo
de outros pesquisadores antes da publicação definitiva. O trabalho é
assinado por 76 integrantes do grupo que avalia a vacina, incluindo
brasileiros, pois os testes clínicos também estão sendo conduzidos no
Brasil. Participaram das análises 17.177 voluntários, sendo 8.948 no
Reino Unido, 6.753 no Brasil e 1.476 na África do Sul. Parte deles
recebeu a vacina e outra parte um placebo.
Nas
redes sociais, especialistas brasileiros que já acessaram o artigo
comentaram os resultados. "Esperar três meses para dar o reforço pode
ser realmente uma boa estratégia. Mas vale a pena dar o reforço, para
garantir maior duração da resposta imune. O número de anticorpos
neutralizantes também aumentou bem com o reforço", escreveu Natalia
Pasternak, microbiologista e pesquisadora do Instituto de Ciências
Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP).
Outro
resultado do estudo chama atenção da epidemiologista Denise Garrett,
vice-presidente da Sabin Vaccine Institute, uma organização sem fins
lucrativos sediada em Washington (Estados Unidos) que promove o
desenvolvimento, a disponibilidade e o uso de vacinas globais. Segundo
ela, os dados revelam que, além de proteger contra doença, o imunizante
também pode proteger conta a infecção. "Análises de PCR sugerem que a
vacina pode ter um efeito substancial na transmissão do vírus com uma
redução de 67% nos swabs [cotonete estéril que serve para coleta de
exames microbiológicos com a finalidade de estudos clínicos ou pesquisa]
positivos entre os vacinados", escreveu.
Fiocruz
Em
seu site, a Fiocruz divulgou o estudo e afirmou que os novos dados
reforçam a necessidade de se manter o protocolo de duas doses. Também
registrou que a eficácia geral de 76% com a primeira dose refere-se ao
período que começa no 22º dia após a aplicação até o 90º, quando deve
ser aplicada a segunda dose.
"É
uma informação importante que pode subsidiar decisões dos planos de
vacinação, já que o número de vacinas disponível ainda é escasso em todo
o mundo", indica a Fiocruz. A instituição acrescenta ainda que, para
casos mais graves da doença, a eficácia foi de 100%. Após o 21º dia de
imunização, tempo considerado necessário para que o organismo desenvolva
os anticorpos, não houve nenhuma internação hospitalar no grupo
vacinado e 15 entre os voluntários que receberam o placebo.
A
vacina da Oxford/AstraZeneca foi aprovada para uso emergencial no Reino
Unido e também em outros países europeus. Segundo a Fiocruz, os estudos
clínicos continuam em andamento para que se possa compreender cada vez
mais os efeitos do imunizante.