O número de policiais mortos pela Covid-19 em 2020 foi mais do que o dobro de agentes assassinados no Brasil no mesmo ano. Segundo um levantamento feito pelo G1, vieram a óbito 465 policiais no país por causa da infecção causada pelo coronavírus. Por outro lado, 198 foram assassinados.
Além disso, os dados, que foram coletados a partir de informações das polícias Civil e Militar, e nas secretarias da Segurança Pública dos 26 estados e do Distrito Federal, apontam que um em cada quatro policiais brasileiros teve de ser afastado das atividades por apresentar sintomas, fazer parte de grupo de risco e ter contraído a doença, em algum momento da pandemia. Foram 126.154, no total.
Rio de Janeiro (65), Amazonas (50) e Pará (49) foram os estados que mais registraram óbitos de agentes pela Covid-19. “Foi somente no fim de março que tais profissionais ganharam o direito de serem vacinados. Até então, fora da lista inicial dos grupos prioritários para a vacinação do Programa Nacional de Imunização (PNI), os policiais têm tido um papel central na gestão da crise sanitária, especialmente na garantia de medidas de distanciamento social e proteção de equipamentos de saúde pública”, criticam Bruno Paes Manso, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, e Samira Bueno e Renato Sérgio de Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Os especialistas acreditam que esse seja um alerta para que os policiais brasileiros “brasileiros parem de ser tratados como marionetes do jogo político, inclusive por representantes de suas próprias categorias. É preciso que os mecanismos de proteção, saúde e valorização do trabalho previstos na lei que criou o SUSP (Sistema Único de Segurança Pública) sejam efetivamente colocados em prática e não se transformem em letra morta ou normas esvaziadas”.
As corporações de cada estado estão tendo que encontrar maneiras de contornar o alto índice de contágio pelo novo coronavírus. Em Pernambuco, a PM fez vídeos na internet para orientar seus integrantes sobre medidas de prevenção.
O comandante-geral da PM do Mato Grosso estabeleceu essas medidas como regras, em portaria, nas instalações policiais. Foram estabelecidos o uso de álcool e outras medidas de higienização pelos policiais nas ruas, suspensão de cumprimentos, ferramentas como WhatsApp como meio complementar de comunicados, a criação de uma Comissão Especial para Supervisão e Monitoramento, teletrabalho, revezamento e redução de expediente para parte do administrativo.
No Rio de Janeiro, PMs reclamaram, em abril de 2020, por não poderem comprar equipamentos de proteção contra a Covid-19, e que o período de quarentena para pessoas que testavam positivo estava sendo reduzido.
O estado que possui o maior efetivo de policiais (27.450 militares e 1.643 civis) é São Paulo. Por lá, foram distribuídas máscaras, face shield, luvas, álcool gel e outros equipamentos de proteção. Ainda foi estebelecido um serviço online para uma equipe médica da corporação monitorar agentes com suspeita ou confirmação da Covid-19, chamado TeleCovid. O sistema encaminha policiais para o hospital, se necessário.
O Monitor da Violência mostrou, na quinta-feira (22), que o número de policiais assassinados cresceu 10% entre 2019 e 2020 – de 180 para 198. Um policial assassinado a cada dois dias. O estado com mais mortes foi o Piauí (1 a cada mil agentes).
Já em relação às pessoas mortas pela polícia, o número diminuiu. Foram 5.829 em 2019 e 5.660 em 2020. O Rio de Janeiro registrou 575 mortes a menos, e foi o principal contribuinte para a redução nacional. Graças a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), as operações policiais no estado foram suspensas durante a pandemia.
A alta em mortes pela polícia apareceu em 17 estados. O país tem 16 pessoas que perdem a vida em operações policiais a cada dia. O Amapá é o que tem a maior taxa (de 12,8 por 100 mil habitantes. A taxa nacional é de 2,7 por 100 mil. O Distrito Federal, dono da menor taxa, tem 0,4 por 100 mil. (Bahia Notícias)