Mais vistosa vitória política dos Estados Unidos em seu esforço para envolver os membros mais reticentes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na guerra da Ucrânia, o envio dos Gepard foi anunciado na terça-feira (26), mas a falta de munição para o modelo dos anos 1970 atrapalha a entrega.
Em 2013, o Exército Brasileiro comprou 34 Gepard versão 1A2 da Alemanha, visando a segurança de grandes eventos: a Jornada Mundial da Juventude com o então novo papa Francisco, a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de 2014.
O Exército já chegou a procurar os alemães para revender os blindados, porém sem sucesso. Os veículos foram oferecidos também ao Catar, que chegou a comprar 15 unidades da Alemanha para usar na proteção aos estádios da Copa do Mundo de 2022, em novembro.
De acordo com a Folha de São Paulo, os alemães voltaram a sondar o governo brasileiro, que ainda não tem definição sobre o tema. Oficialmente, a intenção não chegou ao Exército, que opera os blindados.
Procurado, o Itamaraty não respondeu sobre o assunto. Um diplomata em Brasília disse que é altamente improvável que o governo Bolsonaro fizesse tal negócio, dada sua posição de neutralidade crítica ao conflito.
Além da visita de Bolsonaro a Vladimir Putin às vésperas do conflito, que gerou mal-estar com os Estados Unidos e internamente, o Brasil condenou tanto a invasão quanto as sanções impostas à Rússia ao votar sobre o tema na Organização das Nações Unidas (ONU).
Mais importante, de olho na manutenção do fluxo de fertilizantes russos para o país, além de outros negócios, não aderiu a nenhuma punição ocidental, ficando assim fora da lista de países adversários de Moscou.
Além do Brasil, apenas Jordânia (60 blindados) e a Romênia (36), esta um membro da Otan, operam o veículo.
A intenção do Brasil de se livrar dos Gepard decorre da obsolência dos modelos e do fato de que o país não tem uma defesa aérea coesa, algo que está em estudo. Hoje, opera mísseis russos portáteis e esses canhões, que são insuficientes para deter ameaças mais sérias. (bahia.ba)